Bancos cortaram mais de 3 mil postos de trabalho em 2019

24 Oct 2019 63 VISUALIZAÇÕES

Os bancos fecharam 1.928 postos de trabalho somente no mês de setembro de 2019, segundo levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. O saldo acumulado de janeiro a setembro chegou a 3.328 postos de trabalho a menos na categoria bancária neste ano. Desde 2013, foram fechadas 63.934 vagas na categoria.

O saldo foi impactado, principalmente, pelos planos de demissões voluntárias (PDVs) dos bancos Itaú e Bradesco.

“Essa enorme redução de postos de trabalho afeta não apenas a categoria. Num contexto de altas taxas de desemprego, toda a sociedade é prejudicada”, disse a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira. “Os bancários se somam ao enorme contingente de desempregados. Isso contribui para a paralisia que vemos na economia. Sem renda, a população não vai às compras. A economia não gira”, analisou.

“Além disso, as pessoas que não têm acesso à tecnologia e as que preferem, ou precisam de atendimento pessoal, ficam sujeitas às enormes filas. Os funcionários ficam sobrecarregados e ainda mais propensos ao adoecimento”, completou Juvandia.

Os estados mais afetados foram Rio de Janeiro (-1.177 postos), Rio Grande do Sul (-852 postos) e Distrito Federal (-725 postos).

Faixa Etária
No período de janeiro a setembro de 2019, houve redução de postos de trabalho para todas as faixas etárias acima de 30 anos, com destaque para a faixa de 50 a 64 anos, com fechamento de 6.909 postos. O saldo positivo ocorreu apenas na faixa de 18 a 29 anos, com criação de 9.547 postos de trabalho. “É uma forma de reduzir os salários e aumentar ainda mais os lucros”, explicou a presidenta da Contraf-CUT.

Segundo levantamento do Dieese, a remuneração média dos bancários e bancárias admitidos até 29 anos é de R$ 3.344,56. A dos demitidos com mais de 30 anos, a é de R$ 8.054,90, ou 141% maior do que a dos admitidos com idade inferior aos 30 anos.

Desigualdade de gênero
As 11.965 mulheres admitidas nos bancos entre janeiro e setembro de 2019 receberam, em média, R$ 3.938,85. Esse valor corresponde a 75,6% da remuneração média auferida pelos 14.151 homens contratados no período. Constata-se uma diferença de remuneração ainda maior entre homens e mulheres nos desligamentos. As 14.319 mulheres desligadas dos bancos recebiam, em média, R$ 5.920,32, o que representou 72,8% da remuneração média dos 15.125 homens desligados dos bancos no período.

“Esse dado é preocupante. Mais do que mostrar que as mulheres são admitidas com remunerações menores do que as dos homens, mostra que, ao longo da carreira a diferença aumenta”, observou secretária da Mulher da Contraf-CUT, Elaine Cutis, lembrando que a categoria está respondendo ao Censo da Diversidade Bancária, que visa, entre outras coisas, apurar desigualdades de oportunidades na categoria para possibilitar a promoção de medidas preventivas.