Temer propõe 40 anos de contribuição para aposentadoria integral

24 Nov 2017 86 VISUALIZAÇÕES

Em mais um banquete realizado no Palácio da Alvorada, em Brasília, que teve como prato principal as aposentadorias dos brasileiros, o presidente Michel Temer (PMDB) reuniu deputados da base, ministros e governadores na noite desta quarta-feira (22) para apresentar um novo texto-base da reforma da Previdência, para tentar diminuir a resistência que enfrenta até mesmo em sua base aliada. 

Entre as alterações propostas, a idade mínima de aposentadoria de 65 anos para homens e 62 para mulheres foi mantida, mas o tempo mínimo de contribuição caiu de 25 anos – como constava no texto-base aprovado em comissão especial – para 15 anos, como é atualmente, para os trabalhadores da iniciativa privada.

Com 15 anos no Regime Geral da Previdência Social (RGPS), o trabalhador se aposenta com 60% da renda média de contribuição. No Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), a partir do mínimo de 25 anos de contribuição, o servidor começa com 70%.

O tempo para se aposentar com 100% da renda média de contribuição ficou em 40 anos. Trabalhadores rurais não serão atingidos pelas mudanças pretendidas pelo governo. 

Para servidores públicos, o governo quer 25 anos de contribuição. Professores e policiais, poderão se aposentar aos 60 anos e 55 anos, respectivamente, sem distinção de gênero. 

Para o professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Eduardo Fagnani, cerca de 80% dos trabalhadores deverão se aposentar com 15 anos de contribuição, perdendo, assim, quase a metade da renda mensal.

Ele ressalta que, enquanto o governo pretende economizar cerca de R$ 800 bilhões, em uma década, concedeu, somente neste ano, mais de 500 bi em refinanciamento de dívidas e multas das empresas. “Colocou essa reforma sem debate democrático, com um diagnóstico absolutamente falho e baseada no terrorismo. A ideia é que as pessoas fiquem com medo”, diz Fagnani à repórter Michelle Gomes, para o Seu Jornal, da TVT. 

Para a diretora do Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro) Silvia Celeste Bárbara, o tempo de contribuição elevado – 25% – para alcançar a aposentadoria integral só faria sentido se houvessem regras que favorecessem a estabilidade no emprego. “O que o governo tem feito é exatamente o contrário, que é facilitar a demissão, a rotatividade e o trabalho precário”, afirma.