A crise passou bem longe das operações do Santander no Brasil em 2016. O país foi responsável por 21% do lucro global do grupo espanhol, o melhor resultado em todo o mundo. No país, o banco teve lucro líquido gerencial de R$ 7,3 bilhões em 2016, um crescimento de 10,8% em relação a 2015. Apenas no quarto bimestre, a instituição faturou R$ 1,989 bi, resultado 23,8% superior ao obtido no mesmo período do ano anterior. Ainda assim, o Santander extinguiu 2.770 postos de trabalho em 12 meses no Brasil.
Mesmo com o excelente resultado de 2016, construído diariamente por seus funcionários, o Santander seguiu cortando postos de trabalho. Enquanto o banco espanhol tem no Brasil sua maior fonte de lucro, os bancários brasileiros sofrem com demissões e sobrecarga de trabalho. Se na Espanha, mesmo nos piores momentos de crise, o Santander não faz demissões injustificadas, qual a razão para que no Brasil, país que mais enriquece a instituição, essa prática seja recorrente.
O resultado óbvio desta política de gestão é o aumento da sobrecarga de trabalho e do adoecimento dos bancários. No mesmo período em que cortou 2.770 postos de trabalho e fechou oito agências, o número de clientes cresceu em 1,9 milhão.
Sofrem bancário e cliente A redução no número de funcionários se torna ainda mais injustificável se analisada a receita do banco com tarifas cobradas dos clientes, que alcançou R$ 13,7 bi em 2016, um aumento de 15,6% no período. O valor cobre em 155,8% a despesa com pessoal, incluída a PLR (Participação nos Lucros e Resultados), um crescimento de 8,9 p.p. em relação a 2015.
Números O retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio Anualizado (ROE) ficou em 13,3%, com crescimento de 0,5 p.p. em doze meses. A carteira de crédito ampliada do Santander teve variação negativa de 2,5% no período, atingindo R$ 322,8 bi, impactada pela variação cambial do período.
As operações com pessoas físicas cresceram 7,8% em 2016, chegando a R$ 91,4 bi, enquanto com pessoas jurídicas alcançou R$ 130,6 bi, queda de 8,1% em doze meses. O segmento de pequenas e médias empresas apresentou queda de 7,6% no ano passado. No caso das grandes empresas a redução foi de 8,3%.
O índice de inadimplência superior a 90 dias apresentou aumento de 0,2 p.p. no período, ficando em 3,4%. No entanto, as despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD) reduziram 10,4%, totalizando R$ 13,2 bilhões.