Parece inacreditável, mas não é. A federação dos bancos (Fenaban) apresentou ao Comando Nacional dos Bancários proposta de 5,5% de reajuste para salários e vales, o que nem chega perto de repor a inflação de 9,88% (INPC), e representaria perdas de 4%. A proposta prevê, ainda, abono de R$ 2,5 mil.
Essa proposta, a pior dos últimos anos, é um total desrespeito à categoria e orientamos sua rejeição nas assembleias que acontecerão em 1º de outubro, em todo o Brasil, com indicativo de greve a partir do dia 6, diz a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira. E o desrespeito não é só com os bancários, mas com toda a sociedade, já que o setor vai levar os trabalhadores a uma paralisação nacional, mesmo com os bancos em pleno ganho, critica a dirigente, que é uma das coordenadoras do Comando.
A Fenaban alegou que acordos de outras categorias fechados em julho e agosto estão em formato diferente de anos anteriores. O Comando rebateu lembrando que 69% dos fechados no primeiro semestre tiveram aumento real. E quando isso não aconteceu, foram em setores com prejuízo e que têm garantia de emprego, totalmente diferente do financeiro, que ganha cada vez mais. O lucro líquido dos cinco maiores bancos atuantes no Brasil (Banco do Brasil, Caixa Federal, Bradesco, Itaú e Santander), nos seis primeiros meses do ano, atingiu a marca de R$ 36,3 bilhões, um crescimento de 27,3% na comparação com o primeiro semestre de 2014.
A proposta foi apresentada na quinta rodada de negociação, na sexta-feira 25. O abono não pode substituir reajuste, não se incorpora aos salários. Um setor que ganha tanto querer impor perdas aos seus funcionários é um absurdo!, reforça Juvandia Moreira.
PLR Para a PLR, a proposta é manter a regra, somente reajustada pelos 5,5% (90% do salário mais R$ 1.939,08). A parcela adicional, que distribui 2,2% do lucro líquido, sofreria o mesmo reajuste de 5,5%, podendo chegar a no máximo R$ 3.878,16. Isso significa que os bancos propõem continuar lucrando muito e distribuindo menos aos bancários, ressalta a presidenta do Sindicato.
Calendário de luta Até a assembleia do dia 1º, que deve deliberar sobre a greve a partir de 6 de outubro, os bancários estarão mobilizados: 29 de setembro será Dia Nacional de Luta.
No dia 2, após as assembleias, o Comando Nacional dos Bancários estará reunido, em São Paulo, para debater estratégias para a campanha. Prazo máximo para os bancos alterarem a proposta absurda que sequer contempla outras reivindicações fundamentais como garantia para os empregos, fim das metas abusivas e do assédio moral, mais saúde, igualdade de oportunidades, segurança nas agências bancárias, afirma Juvandia. Os trabalhadores estão extremamente insatisfeitos e essa proposta só vai agravar esse quadro. Demissões, pressão, sobrecarga de trabalho, adoecimento, ameaças de fechamento de unidades. Razões não faltam para parar e os bancários vão dar uma resposta à altura do desrespeito dos bancos, completa Juvandia.
No dia 5, os bancários farão assembleias organizativas para a greve.
BB e Caixa A Contraf-CUT formalizou pedido de negociação às direções do Banco do Brasil e da Caixa Federal, mas elas ignoraram. Os bancos públicos sequer se posicionaram em relação a uma data para dar continuidade aos debates específicos da Campanha Nacional Unificada 2015.