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Bancários avançam na luta contra metas abusivas

29 May 2015 69 VISUALIZAÇÕES

A categoria bancária em todo o país começa a dar os primeiros passos para mais uma Campanha Nacional Unificada. E esse é o momento mais propício para lembrar o quanto já foi conquistado em campanhas passadas, com a união e a mobilização dos trabalhadores. Se hoje a categoria tem uma Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) nacional, com direitos como PLR, vales refeição e alimentação, abono-assiduidade e muitos outros, além de aumentos reais consecutivos, isso é fruto de sua força para enfrentar a resistência dos banqueiros.

Uma das batalhas que vem sendo travada ano a ano é contra as metas abusivas que tanto adoece os bancários. E a categoria tem conquistado avanços. O primeiro deles veio em 2010, com a cláusula que instituiu o instrumento de combate ao assédio moral, um problema que deriva diretamente da cobrança por metas de vendas cada vez maiores de produtos.

“Desde então, nós instituímos o canal de denúncias no site, por meio do qual o bancário expõe o que está acontecendo, com garantia de anonimato. O Sindicato remete a denúncia ao banco, que tem um prazo para apurar e tomar providências. Nesses cinco anos, nota-se que uma parcela imensa dessas queixas é sobre cobranças de metas”, informa o secretário de Saúde do Sindicato de São Paulo, Dionísio Reis.

O dirigente destaca que além da possibilidade de solucionar os casos que afligem os trabalhadores, o instrumento cumpre outro importante papel: “Ele nos municia de informações sobre o dia a dia dos bancários. É mais uma forma de ficarmos sabendo dos problemas que decorrem da forma desumana de gestão das instituições financeiras, das estratégias que os bancos estão adotando para terem mais e mais lucro. E assim podemos pensar em formas de combatê-las em campanhas e ações contra essa violência organizacional.”

Dionísio ressalta que a cláusula de combate ao assédio moral foi um marco e que desde então a categoria está mais informada sobre o tema. “Os bancários se apropriaram mais do assunto e são capazes de identificar determinadas formas de cobrança como assédio.”

Outras conquistas – Assim, no ano seguinte, os trabalhadores organizados conseguiram emplacar outra vitória contra as metas e o assédio moral: a proibição de divulgação de rankings individuais de performance, usados pelos bancos como forma de pressionar seus funcionários. “Em 2011 conquistamos a cláusula 36ª, sobre monitoramento de resultados, que proíbe os bancos de expor, publicamente, o ranking individual de seus empregados”, informa Dionísio.

Outro passo foi dado em 2013, com o acréscimo, na mesma cláusula, de parágrafo que veda ao gestor “a cobrança de cumprimento de resultados por mensagens, no telefone particular do empregado”.

E após a Campanha 2014, uma nova etapa, com o compromisso dos bancos para que o “monitoramento de resultados”, como eles chamam a cobrança de metas, ocorra “com equilíbrio, respeito e de forma positiva para prevenir conflitos nas relações de trabalho”. O trecho foi incluído na cláusula 56ª, a mesma que instituiu o instrumento contra assédio moral.

“Essa nova conquista abre a perspectiva de novas ações contra a pressão, o desrespeito, a violência com que muitos trabalhadores são tratados, além de ser mais um meio para cobrar dos bancos um ambiente de trabalho mais humanizado”, avalia Dionísio, ressaltando que essa luta continua: “Todo o ano sentamos à mesa de negociação com os banqueiros dispostos a conquistar mais. Este ano não será diferente”.