Bradesco
Itau
Santander

Agências de negócios do Itaú, Bradesco e Santander ampliam insegurança

17 Nov 2014 66 VISUALIZAÇÕES

O atendimento bancário vai ficar ainda mais inseguro. A abertura de agências de negócios não é mais exclusividade do Itaú. Conforme reportagem publicada nesta quinta-feira (13) pela Folha de S.Paulo, o Itaú, o Bradesco e o Santander “estão abrindo agências só com caixas eletrônicos e com o gerente de conta”.

Desde que surgiu esse modelo de agências, a Contraf-CUT, as federações e os sindicatos têm denunciado os riscos que isso representa. “Essas unidades não têm vigilantes nem portas giratórias com detectores de metais. Falta segurança e sobra o medo do assalto para bancários e clientes. A vida das pessoas fica desprotegida”, critica o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.

“Esse modelo aumenta o risco para bancários e clientes, retira postos de trabalho dos vigilantes, amplia a insegurança, restringe e piora o atendimento bancário”, avalia o secretário de Imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr. “Quem sai ganhando são apenas os bancos que reduzem custos e aumentam ainda mais os seus lucros”.

Atendimento inseguro e precário

Para fazer o pagamento de contas, segundo a reportagem, “os clientes são orientados a se dirigir a uma agência completa mais próxima ou a usar o caixa eletrônico – normalmente, há um funcionário para ajudar e tirar dúvidas. O próprio gerente costuma abrir e fechar o local, atender aos clientes e informar à regional se algum caixa eletrônico está desabastecido”.

Conforme a notícia, “os bancos chamam as unidades de agências ‘de negócios’, focadas, por exemplo, em aplicações financeiras, contratação de empréstimo e seguros. A maioria está em São Paulo. Algumas foram instaladas em pequenos prédios comerciais e shoppings”.

Ainda segundo a Folha, “várias delas tinham o serviço completo até o mês passado. São os casos das agências do Bradesco na av. Aclimação e na rua Lacerda Franco (zona sul de São Paulo). No caso do Itaú, algumas dessas agências são antigas unidades do Unibanco que eram menores do que a do vizinho Itaú. É o caso da agência 8.087 da av. Duque de Caxias (centro), ao lado de uma agência maior do banco”.

“Quem entra no local vê um quadro informando a mudança”, explica o jornal: “Esta agência tem um novo modelo de atendimento”. Ao lado estão os endereços das agências com atendimento pessoal nas redondezas.

Ouvido pela reportagem, o Sindicato dos Bancários de Paulo critica a mudança: “Só quem ganha são os bancos. Perdem os clientes, com o mau atendimento e o alto custo, e os trabalhadores, com as demissões e a sobrecarga”, diz Juvandia Moreira, presidente do Sindicato.

Segundo o Itaú, a iniciativa faz parte da estratégia de oferecer “modelos de atendimento de acordo com a necessidade do cliente”, como as 900 agências que funcionam até as 20h. Nas agências de negócio, os caixas do Itaú aceitam até pagamento de contas com o cartão de outro banco. O Santander informou ter nove agências nesse formato. O Bradesco não quis comentar o assunto.

Aumentar a mobilização

“Precisamos intensificar a mobilização para enfrentar esse modelo inseguro que não serve para os trabalhadores e a sociedade”, aponta Carlos Cordeiro ao lembrar que vários sindicatos já fizeram manifestações contra a tentativa do Itaú de abertura dessas agências e obtiveram inclusive decisões judiciais favoráveis, como em Curitiba, Campinas e Porto Alegre.

Em Londrina (PR), uma agência de negócios do Itaú foi assaltada e, como não havia cofre, os bancários tiverem os seus pertences roubados. O problema já foi discutido em negociação com o banco, mas o impasse continua.

Abrir agências de negócios sem vigilantes afronta a lei federal nº 7.102/83, uma vez que há movimentação de numerário. Já a obrigatoriedade de instalação de portas giratórias está prevista em diversas leis municipais e estaduais, além de outros equipamentos de segurança.

A pesquisa nacional sobre mortes em assaltos envolvendo bancos, elaborada pela Contraf-CUT e Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), com base em notícias da imprensa e apoio técnico do Dieese, apurou 32 assassinatos no primeiro semestre de 2014, uma média de 5,33 vítimas fatais por mês, o que representa aumento de 6,7% em relação ao mesmo período de 2013, quando foram registradas 30 mortes. Em todo o ano passado ocorreram 65 mortes.

A Contraf-CUT vai encaminhar uma carta para a presidenta Dilma, mostrando a preocupação dos bancários com a insegurança nos bancos, especialmente nas agências de negócios. O assunto já foi objeto de vários pedidos de audiência com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “Até hoje só conseguimos encontros com assessores do ministro, mas ele tem se reunido com representantes dos bancos e das empresas de segurança”, critica Carlos Cordeiro.

“Os bancos têm que assumir a sua responsabilidade pela segurança de seus estabelecimentos, em vez de retirar medidas preventivas contra assaltos e abandonar trabalhadores e clientes à própria sorte”, conclui Ademir.