Mudanças no vale-combustível e estacionamento estão preocupando funcionários do Itaú. Para Marta Soares, diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, o banco tira dos bancários as condições mínimas de trabalho enquanto patrocina a Copa do Mundo.
“Campanhas publicitárias de milhões não se traduzem em responsabilidade social. O Itaú, na verdade, patrocina a falta de condições de trabalho”, critica a dirigente sindical.
Gerentes de relacionamento Uniclass e empresas, que recebiam cartões de vale-combustível e de estacionamento mensal, vão receber apenas o reembolso do combustível por quilômetros rodados e do estacionamento em dias de visitas, a partir de 1º de julho.
Para os gerentes de relacionamento empresas, a alteração será no vale-combustível: eles, que tinham vale mensal no cartão, só receberão valor da quilometragem dos dias programados. Para esse segmento, não haverá alteração no estacionamento.
Falta de condições de trabalho
Retrocesso é o receio dos trabalhadores. Para uma gerente de empresas (EMP 4), a medida causa apreensão, já que não mais terá creditado o valor de R$ 250 mensais em cartão para gastos em postos de gasolina.
“Não passaram para a gente como será o reembolso. Antes, era feito o pagamento por quilômetros, mas não pagavam o integral do que a gente gastava. Pagavam só um pouco mais da metade da gasolina”, lembra a trabalhadora.
“Teremos um trabalho enorme para justificar e preencher planilhas”, diz a funcionária que reclama que todas as avarias, trocas de óleo e lavagem serão por conta própria, a partir da alteração. “Além disso, vão reembolsar só visitas, mas uso o meu carro para outros serviços para o banco. Por exemplo, levar documentos para o assessor, que fica em outra agência”, relata.
Segundo representantes dos trabalhadores, gerentes afetados pelo fim do estacionamento mensal – os gerentes de relacionamento Uniclass e empresas – também estão revoltados porque muitas visitas são feitas sem agendamento prévio, sendo necessário trabalhar de carro todos os dias.
Redução de custos
Marta Soares ressalta: o Itaú implanta uma política de redução de custos que afeta diretamente os bancários, que já são obrigados a usar seus próprios automóveis, sem receber pela depreciação dos veículos.
“O Itaú quer cortar um valor que o funcionário usa para o trabalho, para dar lucro ao banco”, reforça a dirigente sindical. “Como querem trabalho com demissões, uma política de metas abusivas e redução de custos? É preciso contratar e garantir condições mínimas para o funcionário desenvolver seu trabalho”, declara
Ela aponta a contradição entre gastos publicitários e a meta de economia do presidente da instituição. “Reduzir custos é um desafio que ainda temos pela frente. Nossas expectativas para 2014 continuam audaciosas”, afirma Roberto Setúbal, em material institucional.
De acordo com a diretora do Sindicato, Valeska Pincovai, representantes do banco informaram que as mudanças não afetam os funcionários, pois as visitas seriam previamente agendadas e, nesses dias, serão reembolsados. Porém, segundo os trabalhadores, na prática isso não ocorre.
“Queremos que o banco arque com todas essas despesas, isso é o mínimo que deveria ser feito para os trabalhadores”, reivindica Valeska.
“Melhores condições de trabalho: isso muda o jogo!”, afirma a dirigente sindical ao lembrar o bordão usado pela instituição, que tem contrato com a CBF até a Copa de 2022.