Banco do Brasil

Acordo de dois anos e a proteção aos direitos no BB

20 Oct 2016 73 VISUALIZAÇÕES

 As assembleias em todo o Brasil aprovaram a proposta negociada com a Fenaban e a proposta específica apresentada pelo Banco do Brasil para um acordo com duração de dois anos, válido até 31 de agosto de 2018.

A ampla maioria que aprovou o acordo em todas as cidades debateu sobre o que teremos pela frente em relação ao nosso processo de luta nos próximos anos.

Muitos justificaram ser contrários ao acordo alegando as dificuldades que enfrentaremos nesse novo governo, com um cenário de crise econômica e arrocho fiscal. E que o acordo de dois nos deixaria amarrados por muito tempo em relação às nossas lutas.

Concordo com a primeira parte, sobre o cenário de crise e arrocho, pois reforça os meus argumentos em favor do acordo de dois anos. Se temos crise e ajuste fiscal em vigor, isto foi claramente refletido no nosso reajuste de 2016. Contudo, a crise e o arrocho futuros serão debelados com o reajuste acima da inflação negociado para 2017, que impede a inauguração de um ciclo de perdas.

O ajuste fiscal que o governo federal está implementando vai impor perdas aos trabalhadores e poderia representar um grande risco à nossa campanha salarial em 2017, provocando em dois anos o cenário de perda+perda. Se a greve musculosa de 2016 não foi suficiente para impedir a lógica de reajuste abaixo da inflação + abono, que garantia teríamos de reverter esta visão em 2017, quando serão aprofundadas as medidas de ajuste da economia?

Terminada a campanha salarial dos bancários, o governo conseguiu aprovar na Câmara dos Deputados a PEC 241, que limita os gastos públicos e limitará reajustes salariais e gastos com servidores. Isso deve impactar o orçamento das empresas estatais, que é aprovado pelo Ministério da Fazenda. O acordo de dois anos protege os funcionários do BB, CEF, BASA e BNB. Garante reajuste acima da inflação no próximo ano, protege o contrato de trabalho, mantém os direitos dos bancários e bancárias e as conquistas dos funcionários pós-98, mantém o modelo de PLR com distribuição linear de 4% do lucro líquido e, principalmente, preserva a mesa única de negociação, uma conquista de toda a categoria bancária.

Toda quebra de paradigma de algum modelo de contrato traz uma certa insegurança, mais pelo desconhecimento.

Foi assim quando iniciamos a campanha unificada da categoria em 2004. Havia a falsa sensação de que negociar sozinhos com o novo governo seria mais vantajoso, mesmo com nosso histórico de negociação em separado ter sido extremamente negativo. Aos poucos, a categoria foi percebendo na prática as vantagens que aquela mudança no modelo de negociação provocou.

Neste acordo que agora assinamos, o processo de negociação permanente e a instalação de mesas temáticas de negociação estão garantidos. Isto fortalece nossas negociações específicas e nossa defesa dos direitos continuará em muitas frentes, pois só a luta nos garante, seja qual for o tempo do acordo.