Com o lance agendado para 20 de dezembro, no apagar das luzes do governo Bolsonaro, o prédio da sede do Banco do Brasil no Rio de Janeiro, conhecido como Sedan, não aparece mais disponível para leilão. O movimento sindical obteve informações de que o edital foi retirado do site de lances para revisão do edital, explica Rita Mota, diretora do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, que também integra a Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB). Ainda não sabemos se o edital voltará a ser divulgado antes do dia 20. Ou seja, não podemos dizer se o leilão foi cancelado ou suspenso de vez, completa.
As notícias sobre a venda do Sedan começaram em 2020, quando o banco público alegou que a medida fazia parte de um programa de modernização e corte de custos. Apesar disso, somente no dia 28 de novembro deste ano, portanto logo após o resultado das urnas em que Bolsonaro saiu derrotado, é que foi publicado o edital de leilão do edifício de 45 andares, um dos mais altos do Rio, por R$ 311 milhões.
Existem suspeitas de irregularidades em todo esse processo como, por exemplo, constar no edital que a avaliação em valores do imóvel é zero, observa o Coordenador CEBB, João Fukunaga. Ele também pontua que, durante processo para preparar o Sedan à venda, o BB alugou um imóvel no Condomínio Ventura Corporate, onde passariam a funcionar as dependências do Sedan e da BB Asset Manegement. Acontece que o BTG Pactual, empresa que foi fundada pelo atual ministro da Economia, Paulo Guedes, é uma das proprietárias do Condomínio Ventura. Em outras palavras, o banco coloca à venda uma estrutura própria e em bom estado, para alugar por valores milionários o local de uma empresa que tem ligação direta com Guedes, completa.
Rita Mota afirma que o movimento sindical está atuando junto aos parlamentares e ao governo de transição para tentar impedir o leilão. Queremos explicações sobre a falta de transparência e também do porquê o processo estar acontecendo de maneira apressada, além de explicações sobre o favorecimento do BTG Pactual na alocação do novo prédio, diz.
Guedes se esquiva
Ainda em 2020, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) solicitou explicações ao ministro da Economia, Paulo Guedes, acerca da venda da sede do Banco do Brasil e também sobre posterior locação, supostamente antieconômica de outro espaço, pertencente ao BTG Pactual. A parlamentar questionou os critérios técnicos utilizados para as duas manobras e cobrou explicações econômicas, chamando a atenção sobre a vinculação de Guedes com o BTG.
As perguntas encaminhadas pela deputada federal foram respondidas de forma evasiva pelo ministro de Bolsonaro, em ofício enviado à Câmara. No documento, Guedes justificou que as medidas seriam para manter a competitividade em condições de igualdade do BB com os demais agentes financeiros, mas sem trazer subsídios técnicos e econômicos, destaca Rita Mota.
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O BB também respondeu à parlamentar, argumentando de forma genérica que tanto a venda do Sedan quanto a alocação no condomínio do BTG Pactual faziam parte do programa FlexyBB, para adoção de um novo padrão de gerenciamento, que inclui ainda a desocupação de 19 prédios, entre locados e próprios.
Essa resposta da atual direção do BB foi bastante problemática, isso porque revela o desmonte de patrimônio público e não traz dados técnicos de que a manutenção de equipamentos próprios é mais cara ao banco do que o aluguel milionário de empreendimentos de terceiros sendo, curiosamente, um deles de empresa ligada a Guedes, que comanda o Ministério da Economia, ao qual o BB hoje está subordinado, conclui Fukunaga.
Fonte: CONTRAF