A UNI Global Union, sindicato global que representa 20 milhões de trabalhadores em 150 países, lançou uma campanha internacional contra as demissões que o Santander Brasil está promovendo em plena pandemia de Covid-19 e pedindo que as demissões sejam revistas.
O manifesto lembra que o banco se comprometeu a não demitir durante a pandemia causada pelo novo coronavírus, mas, mesmo com o crescimento do número de pessoas infectadas e de mortes pela Covid-19 no país, o banco quebrou o compromisso firmado com o Comando Nacional dos Bancários e com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), entidade associada à UNI.
A presidenta da UNI Finanças Mundial (setor de Finanças da UNI Global Union), Rita Berlofa, explicou que a campanha é uma forma de denunciar a irresponsabilidade social que caracteriza a gestão do banco Santander no Brasil, país no qual o banco obtém 29% de todo seu lucro mundial. Mesmo assim, os funcionários brasileiros são desrespeitados pelo banco espanhol, que quebrou seu compromisso ao mandar para a rua centenas de trabalhadores e torna o trabalho dos que ficam um verdadeiro inferno. Estes são assediados, precisam cumprir metas abusivas e sofrem ameaças de demissão, disse.
Para Rita, o banco mostra descaso com a sociedade brasileira e dá exemplo de desumanidade para o mundo. Por isso, é importante mostrarmos para o mundo quais são as reais práticas do Santander, disse a dirigente ao pedir que todos contribuam com a campanha, assinem o manifesto e ajudem em sua divulgação por whatsapp e publicando nas suas redes sociais. Vamos pressionar o Santander para que ele reveja as demissões, pediu a presidenta da UNI Finanças Mundial.
Demissões
O jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem abrindo os planos do Santander. Segundo a reportagem, o banco pretende cortar 20% de seu quadro funcional (quase 9,4 mil bancários). Apesar de desmentir, o banco continua demitindo. Nesta terça-feira, cerca de 400 funcionários já haviam sido demitidos.
Segundo o banco, a demissões ocorrem em virtude do não cumprimento de metas. A verdade é outra. As demissões ocorrem em virtude da ganância do banco, que neste ano já lucrou R$ 3,85 bilhões nos três primeiros meses. O valor é 10,5% maior do que o obtido no mesmo período de 2019. Ou seja, o banco cresce, fatura cada vez mais e quer cada vez mais. Existe outro motivo que não seja a ganância?, questiona o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Contraf-CUT, Mario Raia, que é funcionário do Santander.
Denúncia
Sindicatos de todo o país estão em campanha contra as demissões realizadas pelo banco Santander. No dia 16 de junho, um tuitaço com a hashtag #SantanderRespeiteOBrasil foi um dos assuntos mais comentados no Twitter. No mesmo dia também ocorreram manifestações em frente de diversas agências. Nos dias 18 e 19, projeções em prédios de diversas capitais colocaram o tema em evidência em vários veículos e comunicação e mostraram um pouco da verdadeira face do banco para a sociedade.