O Coletivo Nacional de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) se reuniu, na última sexta-feira (17), para debater a situação atual das condições de trabalho e a saúde da categoria.
O principal ponto em discussão é o retorno dos trabalhadores do grupo de Risco da Covid-19. Para Mauro Salles, secretário de Saúde da Contraf-CUT, este retorno ainda não é seguro neste momento e deve ser negociado. Foi consenso a preocupação com as medidas de alguns bancos de chamar para retorno presencial ao trabalho de colegas do grupo de risco neste momento, no qual a pandemia ainda não está controlada. Não consideramos o momento adequado de volta ao trabalho presencial, uma vez que a vacinação está longe do que pregam os especialistas, ou seja, pelo menos 70% da população vacinada com as doses completas. Ainda temos um número alto de óbitos, a vacinação está lenta e desigual e novas variantes surgiram preocupando as instituições sanitárias. Lembramos do compromisso de que eventual volta seja negociada com o movimento sindical e que seja feita no momento em que as condições sejam adequadas, afirmou.
Os dirigentes sindicais acreditam que uma eventual volta do grupo de risco, quando a situação esteja segura, somente deve ocorrer com a vacinação completa, com a realização de exames de retorno para avaliar as reais condições de saúde.
Outra preocupação é com as sequelas causadas pela Covid-19, apontou Mauro Salles. Temos relatos de colegas que voltam ao trabalho com limitações causadas por sequelas, impactando na sua atividade profissional e em sua saúde. Cobramos que os bancos, através de serviço médico, avaliem as reais condições de todos os trabalhadores que tiveram Covid-19, garantindo afastamento, se necessário, e tratamento adequado.
Protocolo de ambiente de trabalho seguro
Na reunião, foi discutida também a preocupação com as condições dos ambientes de trabalho para quem está de forma presencial. É vital que haja protocolos de segurança transparentes que evitem aglomeração, garantam distanciamento, com fornecimento de máscaras, higienização constante, afastamento de casos suspeitos, confirmados e dos contatantes e que haja circulação de ar adequada nos ambientes de trabalho, entre outras medidas. Para isso, é importante que seja finalizada a negociação de um protocolo base para servir de parâmetro das medidas protetivas necessárias, disse Mauro Salles. Foi debatido também a necessidade de intensificar a campanha de conscientização dos trabalhadores dos riscos trazido pela pandemia que demanda manter os cuidados, uso de máscaras e da importância da vacinação.
Mesa Permanente de Negociações
O Coletivo Nacional de Saúde da Contraf-CUT destacou a necessidade de retorno da Mesa Permanente de Saúde entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). O tema foi debatido inclusive na última Conferência Nacional dos Bancários. Mais do que nunca, ganham relevância os temas que estavam sendo tratados antes da Pandemia. É premente que seja garantida uma política adequada de prevenção com um Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO) efetivo. As LER/DORT continuam preocupantes, mas o adoecimento psíquico causado pela pressão por resultados, metas abusivas e assédio moral torna-se preocupação central, explicou o secretário. Precisamos retomar o debate sobre as metas abusivas pois a pressão não arrefeceu, com a situação ficando mais grave diante da própria pandemia e das reestruturações praticadas pelos bancos com demissões e descomissionamento. Isso tudo, somado a termos que lidar com os perigos da pandemia, o que tem causado muito sofrimento, incerteza, insegurança e adoecimento, completou.
De acordo com o coletivo, os serviços médicos dos bancos precisam mudar de postura e serem voltados para atender, acompanhar e garantir tratamento às pessoas e não ser um apêndice dos departamentos de pessoal e jurídico. Isso é mais necessário neste momento, pois o grau de adoecimento é elevado e tendo um novo risco, o biológico, a Covid-19, com as inúmeras sequelas, o que demanda uma atenção adequada para avaliar os ambientes, acompanhar a saúde dos trabalhadores, garantir um tratamento adequado e que não haja perda salarial nem na carreira caso tenha que tratar-se. Por isso, não podemos aceitar que continue a postura de dificultar o acesso a tratamento e assistência previdenciária através de uma série de empecilhos, finalizou Salles.