Em negociação com a direção do Itaú ocorrida nesta quarta-feira (2), em São Paulo, a Contraf-CUT, federações e sindicatos cobraram o fim das demissões e da rotatividade no banco, bem como mais contratações e melhores condições de saúde, segurança e trabalho.
O Itaú lucrou R$ 4,5 bilhões no primeiro trimestre de 2014, um crescimento de 29% em relação ao mesmo período do ano passado. Entretanto, apesar de tanto lucro, o banco cortou 733 vagas no primeiros três meses deste ano, totalizando 2.759 nos últimos 12 meses, o que é inaceitável.
Os representantes do banco afirmaram que não há plano de redução de funcionários, mas foram logo contestados pelo presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro. “O que nós vemos hoje no Itaú, além dos números do balanço, são funcionários sobrecarregados, acumulando funções e, por conta disso, adoecendo física e mentalmente. O que queremos são mais contratações, o fim da rotatividade e o aumento dos postos de trabalho. Não podemos aceitar que um banco, que lucra tanto, demita pais e mães de família”, enfatizou.
“Enquanto houver demissões, vamos intensificar a mobilização por emprego decente e condições dignas de trabalho”, alerta Cordeiro.
Agências de Negócios
Os dirigentes sindicais reiteraram as críticas ao modelo de agências de negócios do Itaú, que têm sido implantadas em várias cidades do país, mas não possuem portas de segurança com detectores de metais nem vigilantes, o que põe em rico a vida de bancários e clientes.
O banco anunciou a suspensão da abertura de novas agências de negócios e afirmou que está estudando a questão do funcionamento das atuais 64 unidades existentes no país.
“A suspensão da abertura de novas agências é fruto das mobilizações que vêm sendo feitas por vários sindicatos. Exigimos que as unidades existentes voltem a funcionar cumprindo as normas legais sobre segurança bancária. Não admitimos agências sem as portas de segurança e sem a presença de vigilantes”, destaca o presidente da Contraf-CUT.
Bancarização dos empregados da Fináustria
Foi retomado o debate sobre a proposta de bancarização de 1.829 trabalhadores da área de financiamento de veículos, a Fináustria. Pela proposta apresentada pelo banco na última negociação, realizada no dia 13 de maio, todos os empregados da Fináustria que estavam excluídos da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) passarão a ter os direitos dos bancários.
Com isso, cerca de 1.600 operadores e promotores que hoje possuem jornada de oito horas diárias passarão a ter a jornada de seis horas dos bancários. Também, a partir da bancarização, 533 trabalhadores que hoje estão abaixo do piso dos bancários, passarão a receber o salário de ingresso da categoria bancária.
Segundo Wanderley Crivellari, um dos coordenadores da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú, os dirigentes sindicais fizeram uma contraproposta ao banco, reivindicando que a folga proposta de um final de semana “cheio” por mês seja ampliada para dois . “Propomos também o aumento do adicional de hora extra aos sábados, originalmente em 50%, no mesmo percentual oferecido aos domingos, que será de 100%”, disse.
“Além disso, cobramos do banco uma planilha com as projeções de enquadramento salarial, para que os representantes dos trabalhadores possam acompanhar o cenário antes e depois do processo de bancarização”, destaca Wanderley, que também é presidente do Sindicato dos Bancários de Londrina.
O banco ficou de marcar uma nova negociação para dar a resposta às reivindicações apresentadas pelos dirigentes sindicais.
A Contraf-CUT orienta os sindicatos para que intensifiquem as reuniões com esses trabalhadores.
Direito ao gozo de 30 dias de férias
A falta de funcionários no Itaú é tão grande que até o direito ao gozo de 30 dias de férias dos bancários tem sido descumprido pelo banco.
Os representantes do Itaú informaram que foi feito um comunicado aos gestores do banco, recomendando que os funcionários possam usufruir todo o período de 30 dias de férias.
“Ninguém pode ser impedido de tirar 30 dias de férias, pois de trata de um direito do trabalhador, se assim o desejar. Em caso de qualquer problema, os bancários devem procurar o seu sindicato”, salienta Wanderley.