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ContrafCast entrevista mulher trans, bancária e cartunista Luiza Lemos

18 Jul 2025 24 VISUALIZAÇÕES

Nunca é tarde para trilhar o caminho que te faz feliz. Essa é a mensagem deixada pela bancária, mulher trans e cartunista Luiza Lemos, na entrevista desta edição do ContrafCast, publicado nesta semana.

A carioca, com uma carreira de 21 anos no setor bancário como funcionária do Banco do Brasil, conta que realizou a sua transição, na época, com mais de 30 anos, inspirada pela cartunista Laerte, que revelou sua identidade de gênero aos 60. Outro fator que lhe encorajou foi uma decisão de política pública, tomada pela então presidenta Dilma Rousseff, em 2016, quando assinou um decreto que permitiu a transexuais e travestis usarem seu nome social em todos os órgãos públicos, autarquias e empresas estatais federais.

Luiza Lemos também falou da sua vida como artista, sendo roteirista e desenhista de histórias de quadrinhos há 12 anos. Atualmente, ela segue com uma campanha de financiamento coletivo para pagar os custos do seu mais novo trabalho, voltado ao público infantojuvenil, chamado “Deby Dreamwalker 3”, uma série produzida com a colega Marília Aguiar, sobre uma personagem que viaja por infinitos mundos de sonhos. Para colaborar, clique aqui.

Luta pelo fim do preconceito

A bancária destacou a importância da luta contínua contra o preconceito, tanto na sociedade quanto no ambiente de trabalho, sugerindo que os bancos implementem programas educativos sobre diversidade (LGBTQIA+, racismo, equidade de gênero), vinculando-os à ascensão na carreira, de forma similar aos cursos CPA10 ou CPA20.

Sobre a realidade no mercado do trabalho brasileiro, Luiza lembrou que 90% das mulheres trans acabam na prostituição por falta de empregos formais. Esse dado citado por ela é de um levantamento apresentado em 2022 pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

Nesse sentido, a entrevistada reforçou a importância do papel dos sindicatos para a inclusão de pessoas da comunidade LGBTQIA+ no mercado de trabalho formal, por conta do histórico de conquistas que o movimento sindical obteve em favor da diversidade dentro das empresas. (Leia também: Categoria bancária avança em direitos para pessoas LGBTQIA+)

Consulta recente feita pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), a pedido do movimento sindical, em 35 bancos (que correspondem pela contratação de 91% da categoria), indicou que 77% das empresas afirmaram que possuíam, em seus quadros, funcionários trans. Porém, em números, são apenas 233 pessoas trans registradas, considerando que, hoje, existem cerca de 430 mil bancários e bancárias em todo o país.

O apresentador, André Accarini, arrematou que esse quadro revela que, dentro da sigla LGBTQIA+, é preciso lutar pela inclusão das pessoas que não seguem os estereótipos definidos de gênero, usando o famoso jargão do “não dar pinta”. Ou seja, as empresas, ainda que abertas para a contratação de trabalhadores LGBTQIA+, estariam presas a estereótipos que limitam à inclusão de pessoas trans, por preferirem a contratação de pessoas com características mais “aceitáveis e vendáveis” para a sociedade.

 

Fonte: CONTRAF