Os bancários do Santander discutiram nesta quarta-feira (7), em São Paulo, durante o Encontro Nacional dos Funcionários de Bancos Privados, como as novas tecnologias, a Lei da Terceirização e a reforma trabalhista, se aprovada, vão impactar no emprego e nas relações de trabalho no banco e como o movimento sindical pode reduzir os prejuízos para a classe trabalhadora.
Para subsidiar a discussão, a economista Catia Uehara, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sociais (Dieese) fez uma apresentação sobre o balanço do Santander do primeiro trimestre de 2017, e a presidenta da Uni-Finanças, Rita Berlofa, trouxe informações sobre o futuro do mundo do trabalho.
No Brasil, o Santander, assim como os demais bancos privados, teve um resultado bastante positivo apesar da recessão econômica. No primeiro trimestre de 2017, obteve o melhor resultado desde 2013, No entanto, continuou reduzindo postos de trabalho, disse a economista.
Segundo dados do balanço do primeiro trimestre de 2017 do Santander, divulgado no final de abril, o banco lucrou R$ 2,280 bilhões nos três primeiros meses do ano, o que representa um crescimento de 37,3% em relação ao mesmo período de 2016 e de 14,7% em relação ao trimestre anterior. Já nos postos de trabalho, houve uma redução de 3.245 vagas nos 12 meses entre março de 2016 e março de 2017.
A presidenta da Uni-Finanças trouxe informações sobre a Watson e a Amélia, plataformas tecnológicas capazes de armazenar todas as informações do mundo e de realizar tarefas sem a necessidade da interação humana, reforçando as apresentações sobre novas tecnologias realizadas na manhã desta quarta-feira no Encontro Nacional dos Funcionários de Bancos Privados. Rita ressaltou que, com o uso da tecnologia, muitas empresas que nada produzem, se tornaram as maiores do mundo em seus segmentos praticamente sem funcionários e sem propriedades. A Uber se tornou a maior empresa de taxi do mundo, sem possuir sequer um carro. A Airbnb e a Couch Surfing são as maiores empresas de hospedagens do mundo, mas não possuem sequer um hotel. Quantas pessoas essas empresas empregam? Praticamente nenhuma, alertou.
Algumas das conseqüências da precarização do emprego e das relações de trabalho e do uso das novas tecnologias pelos bancos já podem ser percebidas no Santander. O banco está tirando funcionários das agências e criando grupos que gerenciam as contas digitais pelos call centers, aumentando o trabalho home office e contratando terceirizados para prospectar contas. Isso traz como conseqüência a redução de postos de trabalho, de salários e de direitos, inversamente proporcional ao aumento da intensidade de trabalho, da pressão pelo cumprimento de metas e dos casos de doenças entre os funcionários. Os lucros dos bancos, como vimos, aumenta ainda mais, mesmo em tempos de recessão, como a que estamos vivendo, afirmou Maria Rosani, coordenadora da Comissão Organizativa dos Empregados (COE) do Santander.
Trabalho em grupos
Após as contribuições, os bancários debateram sobre formas para tentar barrar as reformas trabalhista e da Previdência, que tramitam no Congresso Nacional, e para reduzir os impactos do uso das tecnologias pelos bancos. Além de questões específicas do Santander. Os trabalhos serão concluídos nesta quinta-feira (8), quando cada um dos bancos apresentará um relatório para a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e para a COE de cada uma dos bancos.