
O Pix é hoje uma das maiores inovações financeiras do mundo. Criado em 2020 pelo Banco Central, o sistema revolucionou a forma como os brasileiros lidam com o dinheiro. Em apenas quatro anos, atingiu números impressionantes: 63 bilhões de transações em 2024, movimentando cerca de R$ 26 trilhões, e já utilizado por 93% da população, segundo a pesquisa “Pagamentos em Transformação: do Dinheiro ao Código”, divulgada pelo Google Brasil no mês passado.
O sucesso do Pix não passou despercebido no cenário internacional. Jornais como o The Economist e economistas como Paul Krugman, Prêmio Nobel, reconheceram seu impacto na inclusão financeira e na redução dos custos de transação. No Brasil, o Pix é massivamente utilizado e vem substituindo cédulas, cartões e até desafiando gigantes como Visa, Mastercard, Amex e o WhatsApp Pay, da Meta.
É exatamente esse protagonismo que desperta a ira dos Estados Unidos. Documentos recentes do USTR (Representante Comercial dos EUA) acusam o Brasil de “práticas desleais” por ter desenvolvido e consolidado um sistema público de pagamentos eficiente, barato e de alcance universal. Na prática, trata-se de pressão política e econômica para defender os interesses de grandes corporações financeiras que perderam espaço diante da inovação brasileira.
Para especialistas, como Gustavo Cavarzan – doutor em economia, técnico do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e assessor da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) – tais acusações não se sustentam.
“O Pix tem ganhado terreno em cima de transações antes realizadas com cartões de crédito e débito, inclusive das bandeiras Visa e Mastercard. Nada disso me parece que pode ser enquadrado em concorrência desleal. Nesse sentido, me parece apenas uma maneira de o governo dos EUA tentar criar argumentos que possam de alguma maneira justificar a taxação dos produtos brasileiros”, comenta Cavarzan.
Defesa da soberania
Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, alerta que os ataques ao Pix representam uma tentativa de enfraquecer a autonomia brasileira e favorecer operadoras internacionais.
“Interesses escusos querem desmontar esse avanço para favorecer grandes operadoras financeiras internacionais. Estamos diante de uma aliança que não aceita o protagonismo do Brasil nem a autonomia dos nossos sistemas públicos. Isso enfraquece o setor bancário nacional e ataca diretamente a soberania econômica do país”, analisa Neiva.
Mais do que um meio de pagamento, o Pix é um exemplo de como o Brasil pode liderar em inovação e democratização financeira. Defendê-lo contra os ataques externos é defender a soberania nacional, a autonomia tecnológica e o direito do povo brasileiro a um sistema justo, acessível e público de pagamentos.
Fonte: SP BANCÁRIOS