A população negra representa mais da metade dos brasileiros (56%). Mesmo sendo maioria, a desigualdade social por cor e raça ainda é gritante. Prova disso é a desvantagem no mercado de trabalho, nos indicadores de renda, nas condições de moradia, na educação e no acesso a bens e serviços.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na quarta-feira (13), trabalhadores brancos ganham, em média, 74% mais do que pretos e pardos. O estudo mostra que a média salarial do brasileiro branco é de R$ 2.796. Já a de pretos e pardos, é de R$ 1.608.
Tal desvantagem também pode ser vista na ocupação de cargos, como os gerenciais, por exemplo. De acordo com o IBGE, quase 70% das vagas destes cargos são para brancos e menos de 30% para pretos ou pardos. A taxa de desocupação também é maior entre negros do que a de pessoas brancas. São 14,1% dos negros e pardos sem trabalho. Entre os brancos, o desemprego é de 9,5%.
Para Almir Aguiar, secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), os dados mostram que as desigualdades raciais no mundo do trabalho estão ligadas ao regime de escravidão, que perdurou por mais de 300 anos no Brasil. O negro por força da Lei, era proibido de frequentar a escola pública, não teve direito à moradia, trabalho, terra, nem a reparação. Mas, no entanto, o Estado indenizou os senhores de engenho e deu terras para os imigrantes, disse.
Os números do IBGE, mostram isso, são 131 anos de uma abolição inacabada, que nos forçam a ampliar nossa luta por uma sociedade justa, democrática e com igualdade afirmou Almir Aguiar.