Arte: Marcio Baraldi
O que a gente pode fazer por você hoje? O comovente slogan do Santander não é colocado em prática pelo banco. Os Sindicatos recebe semanalmente diversos casos de bancários que tiveram sua saúde destruída de tanto trabalhar na instituição. Doenças laborais que a empresa, por meio do médico do trabalho, não reconhece para não arcar com o salário durante o período de afastamento. A fim de evidenciar o descaso com a saúde dos trabalhadores e cobrar do banco mudança de postura, o Sindicato denuncia alguns deles nesta série de reportagens.
A bancária Rose Mary
Oriunda do Banespa, a bancária Rose Mary Freitas desenvolveu uma série de lesões causadas por esforço repetitivo na coluna e no joelho ao longo de 25 anos de trabalho. Todas comprovadas por laudos médicos de diferentes especialistas. Também sofreu um acidente vascular cerebral e tem problemas respiratórios que a obrigam a depender permanentemente de um cilindro de oxigênio para conseguir respirar.
Por causa das revisões nas perícias do INSS uma das primeiras medidas adotadas pelo governo Temer , ela perdeu o benefício e teve de passar por um exame de retorno com uma médica contratada pelo banco.
A médica da empresa disse que eu tenho todas as características de lesão por esforço repetitivo, mas que ia acatar o que o INSS determinou, conta Rose Mary. É desumano, porque ela não acatou os atestados dos meus médicos. Eu pego três conduções pra chegar ao serviço. Como eu vou trabalhar carregando cilindro de oxigênio que pesa 10 quilos e que só dura quatro horas? Quatro horas é só o tempo que eu demoro pra chegar ao trabalho.
Ela continua afastada. Como o INSS negou seu benefício, está sem receber. A Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários determina que o salário seja pago pelo banco quando o funcionário for considerado inapto no exame de retorno. Essa cláusula foi incluída para evitar que os afastados fiquem sem receber nem do banco e nem do INSS.
Acontece que os médicos contratados pelo Santander passaram a considerar aptos para o trabalho inclusive os bancários sem condições de reassumir suas funções porque o banco não quer arcar com o salário durante o período de afastamento, denuncia a dirigente sindical Vera Marchioni.
Casos como os descritos acima são recorrentes. Muitas vezes, o Santander ainda demite o funcionário que teve sua saúde destruída trabalhando para o banco que lucrou R$ 7,3 bilhões em 2016, resultado 10,8% maior que em 2015.
É importante que os bancários denunciem para que possamos tomar as providências necessárias, seja pela via negocial, seja por meios judiciais, para que o trabalhador possa ter seus direitos respeitados, orienta o dirigente do Sindicato de São Paulo Ramilton Marcolino.
Para denunciar, ligue (11)4034.0893. O sigilo do denunciante é absoluto.