Bancos fecham mais de 8,5 mil postos de trabalho no 1º quadrimestre

18 May 2017 53 VISUALIZAÇÕES

A Pesquisa do Emprego Bancário de maio mostra que os bancos fecharam 8.536 postos de trabalho no primeiro quadrimestre (janeiro a abril) de 2017. O saldo representa um aumento de 87,5% no número de cortes de vagas, na comparação com o mesmo período de 2016. O apontamento foi realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).

“Os bancos acabaram de apresentar seus balanços do primeiro trimestre do ano. Os lucros que obtiveram são astronômicos. Não existe qualquer justificativa para a demissão. Os trabalhadores que eles demitem não lhes dão prejuízo, ao contrário, garantem a lucratividade das instituições. No entanto, não são valorizados e, em um momento de crise como o que estamos vivendo, são descartados”, disse Roberto von der Osten, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

Os dados mostram que, de janeiro de 2016 a abril de 2017, apenas no primeiro mês os bancos contrataram mais do que demitiram. Nos outros 15 meses seguintes, o saldo de emprego foi negativo no setor. São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro foram os estados mais afetados pelos cortes.

Faixa etária

Os dados apontam, ainda, que a maior parte das demissões ocorreu com bancários acima dos 25 anos de idade e se concentra na faixa que vai dos 50 aos 64 anos, onde a redução foi de 6.132 postos de trabalho.

“Ao relacionar estas informações com as da proposta de reforma da Previdência, percebemos que, se a reforma for aprovada, não haverá mais aposentados no país. Antes de conseguir o benefício o trabalhador será demitido para ser substituído por outro mais jovem e, na maioria das vezes, com salários inferiores ao que eram pagos para os de mais idade”, observa o presidente da Contraf-CUT.

Desmonte da Caixa
Os dados segmentados por tipo de instituição apontam que a maior responsável pelo saldo negativo é a Caixa Econômica Federal. No período, o banco federal contratou 120 pessoas e demitiu 4.440, um saldo negativo de 4.320 postos de trabalho. O grande número de demissões na Caixa é resultado de um Plano de Demissões Voluntárias Extraordinário (PDVE) lançado pela direção do banco no início de 2017, nas vésperas de o banco iniciar o atendimento dos trabalhadores interessados em efetuar o saque das contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

“A Caixa é responsável por mais da metade da redução de postos de trabalho no setor. Em um momento no qual o governo libera o saque das contas inativas do FGTS, vemos a sobrecarga de trabalho explodir na cabeça dos bancários e afetar sobremaneira o atendimento aos clientes. Isso explica o motivo das enormes filas para se efetuar os saques e a necessidade de ampliação do horário de atendimento, com convocação, inclusive, para trabalho aos sábados. Com certeza haverá aumento dos afastamentos de bancários com problemas de saúde”, disse o dirigente sindical.

O levantamento do Dieese traz ainda informações sobre o motivo das demissões e as diferenças de remuneração entre homens e mulheres (leia a íntegra do estudo).