Entre os problemas, destacam-se a falta de contratações e a retirada de direitos
É inadmissível que a Caixa, que alcançou lucro líquido de R$ 2,4 bilhões no primeiro semestre de 2016, continue a desvalorizar os empregados com uma política de aumento de metas e sobrecarga, já que não repõe a defasagem no número de trabalhadores. Foi com essa declaração que o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, avaliou o balanço divulgado pelo banco nesta sexta-feira (12).
De acordo com os dados, o lucro foi de R$ 1,6 bilhão no segundo trimestre, aumento de 92,1% em relação ao trimestre anterior, tendo como principais destaques o aumento das receitas, em especial, com prestação de serviços e o controle das despesas administrativas. A Caixa volta a destacar os esforços para racionalizar gastos e aumentar a eficiência operacional, o que tem afetado o dia a dia da categoria. Vale lembrar a versão mais recente do RH 184, que trata do exercício de função gratificada e cargo em comissão, e a proposta de retirar o adicional de insalubridade dos avaliadores de penhor, acrescenta Jair.
Estamos às vésperas da Campanha Nacional, e mais uma vez os números provam que é possível, sim, melhorar as condições de trabalho nas unidades de todo o país. É urgente que a Caixa retome as contratações e reverta a retirada de direitos ocorrida mais recentemente, afirma Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa). Ele adverte: para que consigamos avanços este ano é fundamental mostrarmos unidade e disposição para resistir, o que só será possível com a mobilização dos bancários.
A Caixa fechou o primeiro semestre de 2015 com quase 98 mil empregados. Em junho deste ano, eram pouco mais de 95,6 mil. Apenas nos últimos três meses, o banco cortou 1.304 postos de trabalho por meio do Plano de Apoio à Aposentadoria (PAA). Enquanto isso, o número de clientes, que passou de 81 milhões para 85 milhões, e as demandas não param de crescer. A importância da Caixa para o povo brasileiro reforça a necessidade de um quadro funcional suficiente e valorizado, diz Cardoso, vice-presidente da Fenae.
Caixa 100% pública e social
A carteira de crédito ampliada da Caixa alcançou o saldo de R$ 691,6 bilhões no primeiro semestre deste ano, elevação de 6,71% na comparação com o período entre janeiro e junho de 2015. A carteira de crédito imobiliário, que representa cerca 57% do total, apresentou saldo de R$ 393,7 bilhões em junho de 2016, evolução de 7,2% em 12 meses e baixa inadimplência em torno de 1,84%. Os segmentos pessoa física e pessoa jurídica atingiram, em 12 meses, o saldo de R$ 103,4 bilhões (+3,8%) e R$ 92,1 bilhões (-3,9%), respectivamente.
No âmbito das políticas públicas e programas sociais, destacaram-se no primeiro semestre de 2016 a contratação de 180,9 mil novas unidades habitacionais no Programa Minha Casa Minha Vida, o pagamento de R$ 13,6 bilhões em benefícios sociais e R$ 118,8 bilhões em direitos dos trabalhadores. O principal programa de transferência de renda, o Bolsa Família, pagou R$ 12,9 bilhões em benefícios.
Os dados reforçam a importância de lutarmos pela manutenção da Caixa 100% pública e com forte papel social. Essa atuação em prol do desenvolvimento do Brasil, em paralelo com a redução das desigualdades, não é de interesse dos bancos privados. Não podemos permitir nenhum retrocesso no que diz respeito à atuação da Caixa, pois a população, sobretudo a mais carente, depende muito dela, finaliza Jair Pedro Ferreira.