O 17º dia de greve dos bancários coincidiu com o Dia Nacional de Paralisação, convocado pelas centrais sindicais e pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Trabalhadores de diversas categorias, no país inteiro, cruzaram os braços em protesto contra a retirada de direitos. A adesão foi grande entre os bancários que, além das agências bancárias, paralisaram também os grandes centros administrativos dos bancos e participaram das atividades de rua por todo o Brasil. A paralisação atingiu 13.159 agências e 43 centros administrativos, como o prédio da matriz da Caixa Econômica Federal, em Brasília. O número representa 55% das agências de todo o Brasil.
A maior concentração bancária fica na cidade de São Paulo. Segundo levantamento do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco Região, 60 mil trabalhadores da sua base aderiram à greve nesta quinta-feira (22). Todas as agências e centros administrativos da região da avenida Paulista ficaram fechadas. A paralisação atingiu o Centro Empresarial Itaú Conceição, onde trabalham 9 mil funcionários e outros 3 mil terceirizados. A Cidade de Deus, que abriga 12 mil funcionários do Bradesco, e a Torre Santander, onde trabalham 5,3 mil bancários, assim como a Superintendência do BB e o prédio da Caixa na Paulista também tiveram suas atividades interrompidas
Nas bases dos sindicatos filiados à Federação dos Trabalhadores da CUT de São Paulo (FETEC-CUT/SP) foram paralisados 16 centros administrativos e 1.903 agências bancárias.
A greve está forte em todas as bases dos nossos sindicatos porque os bancários sabem que suas reivindicações são justas e mesmo assim os banqueiros não as atendem. Eles tiveram lucro líquido de R$ 30 bilhões no primeiro semestre. Mas, usam o argumento de que o país está em crise econômica para forçar a categoria aceitar um reajuste que sequer cobre a inflação. Sabemos que os problemas pelos quais o país passa não atrapalha o lucro dos bancos. Eles têm condições de nos dar um reajuste decente e nos proporcionar melhores condições de trabalho, disse Aline Molina, presidenta da FETEC-CUT/SP, que representa 14 sindicatos no estado de São Paulo.
AVALIAÇÃO
O Comando Nacional dos Bancários se reúne na próxima segunda-feira (26), em São Paulo, na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (Contraf-CUT)para avaliar as paralisações e mobilizações da maior greve da história da categoria e definir os próximos passos a serem seguidos.
A pauta de reivindicações foi entregue à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) no dia 9 de agosto, mas os bancos insistem em um reajuste de 7%, que sequer cobre a inflação do período (9,62%). Os bancários reivindicam a reposição da inflação mais 5% de aumento real e reajuste. A interrupção das demissões e melhores condições de trabalho também estão entre as reivindicações (veja abaixo as principais).
Apesar do silêncio da Fenaban, o Comando Nacional dos Bancários salienta que está aberto a negociações.
PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES DOS BANCÁRIOS
Reajuste salarial: 14,62% (incluindo reposição da inflação mais 5% de aumento real)
PLR: 3 salários mais R$ 8.317,90
Piso: R$ 3.940,24 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último).
Vale alimentação no valor de R$ 880,00 ao mês (valor do salário mínimo)
Vale refeição no valor de R$ 880,00 ao mês
13ª cesta e auxílio-creche/babá no valor de R$ 880,00 ao mês.
Melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.
Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas.
Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS): para todos os bancários.
Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.
Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários.
Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transsexuais e pessoas com deficiência (PCDs).