Mulheres debatem medidas contra violência na Conferência da UNI Américas

30 Jun 2022 84 VISUALIZAÇÕES

O combate ao assédio sexual foi o principal tópico debatido na 23ª Conferência Regional de Mulheres da UNI Américas, na terça-feira (28), durante a 5ª Conferência Temática da UNI Américas, que acontece em Fortaleza. O encontro reúne mulheres de todo o continente.

“Por ironia, o esse tema foi debatido exatamente no dia em que a imprensa trazia à tona os casos gravíssimos de denúncia de assédio sexual que derrubaram o então presidente da Caixa, Pedro Guimarães”, observou a secretária da Mulher da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Fernanda Lopes de Oliveira. “Muito mais do que uma coincidência, o fato mostra a importância do debate sobre a questão e a necessidade de vigilância constante do movimento sindical a respeito da forma como a mulher é tratada no serviço bancário”, completou.
Convenção 190

O Comitê de Mulheres também discutiu a prevenção de todo o tipo de violência nos locais de trabalho e avaliou a estratégia da campanha dos sindicatos ligados à UNI para ratificação da convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sobre combate à violência nos locais de trabalho e de violência doméstica.

A Convenção 190 reconhece o direito de todas as pessoas a um mundo de trabalho livre de violência e assédio e fornece uma estrutura comum para a ação. A resolução, que se junta à Recomendação Nº 206, é a primeira definição internacional de violência e assédio no mundo do trabalho, incluindo a questão de gênero.

Em uma fala sobre o Projeto Basta! Não irão nos calar, a secretária da Mulher da Contraf-CUT ressaltou a dimensão que o programa ganhou desde sua criação. “Esse programa de acolhimento e assistência às mulheres vítimas de violência se mostrou importante ferramenta durante a pandemia, pois as mulheres estavam em casa, e o canal se tornou um facilitador para que elas efetivassem a denúncia”, afirmou.

O Projeto Basta! visa a oferecer assessoria técnica às federações e aos sindicatos, para implantação de canais de atendimento jurídico especializado para mulheres em situação de violência doméstica e familiar. A ideia foi inspirada no exemplo do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, que desde dezembro de 2019 oferece este serviço já atendeu a mais de 200 mulheres.
Equidade de gênero

A secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e vice-presidenta da UNI América Mulheres, Neiva Ribeiro, destacou que a nova direção da Contraf-CUT, eleita no último congresso da entidade, possui 40% de mulheres em sua composição, inclusive na Direção Executiva. “Essa foi uma luta árdua e vitoriosa das bancárias brasileiras. Temos que garantir maior participação das mulheres nas entidades sindicais. É um processo importante de empoderamento, de formação política e de renovação do movimento sindical, porque a contribuição das mulheres e a entrada de sindicalistas jovens é um passo importante para a reinvenção e atualização da organização dos trabalhadores e trabalhadoras”, disse.
Moção de apoio às norte-americanas

Uma moção de apoio às mulheres norte-americanas, que tiveram o direito ao aborto legal abolido recentemente nos Estados Unidos, foi aprovada. A decisão tomada pela Suprema Corte do país, depois de 50 anos que esse direito tinha sido estabelecido, foi considerado um retrocesso histórico. O encontro terminou com um ato lúdico que envolveu todas as delegadas em homenagem ao dia mundial da luta LGBTIA+.
A Conferência

A 5ª Conferência Temática da UNI Américas, que acontece em Fortaleza-CE e segue até esta quinta-feira (30), reúne mais de 600 dirigentes sindicais de 24 países, que representam 124 organizações de trabalhadores filiadas à UNI Global Union. A Contraf-CUT, uma das anfitriãs do evento, participa com uma delegação de cerca de 100 sindicalistas.

Fonte: CONTRAF