Em mobilizações presenciais ou virtuais, Sindicato se reinventou junto com todo movimento
sindical bancário, para que direitos conquistados fossem mantidos – Foto: Andréa Ono
O ano de 2020 foi, sem dúvida, um período repleto de situações com relação as quais o mundo, em especial a classe trabalhadora, viveu o receio diário de receber amanhã uma notícia pior do que a de ontem. Mas, apesar dos muitos pontos que ainda precisam ser equacionados, a categoria bancária se reinventou e conseguiu manter os direitos conquistados ao longo dos anos, entre elas a PLR. De acordo com a CCT, os bancos têm até 1º de março para fazer o crédito. No entanto, após pedido do movimento sindical, o Bradesco depositou a segunda parcela no dia 12 e o Santander já anunciou que antecipará o crédito para o dia 26, quando também deve acontecer o crédito dos salários, do PPRS e da variável (PPE), para quem for elegível. Em resumo, mais uma vez, não abrimos mão de nenhum direito e avançamos.
A PLR é definida em mesa de negociação. Trata-se de uma conquista da mobilização da primeira categoria a ter, em 1995, assegurada a distribuição dos lucros em Convenção Coletiva de Trabalho. Como todos os direitos previstos na nossa CCT, a PLR é resultado da luta constante dos bancários organizados e sindicatos, federações e confederações, sempre em busca de melhorias em favor dos trabalhadores, responsáveis por construir o lucro dos bancos.
Campanha histórica e inovadora- A Campanha Nacional dos Bancários em 2020 trouxe os maiores desafios para a categoria, que, em pleno ano de pandemia, inovou para enfrentar os dilemas resultantes de um momento sem precedentes na história mundial.
Logo após a declaração de pandemia pela OMS, em 11 de março de 2020, o movimento sindical bancário, representado pela Contraf-CUT oficiou a Fenaban, a fim de discutir medidas a serem tomadas para a proteção dos bancários diante do quadro sanitário com repercussões ainda desconhecidas. Menos de uma semana depois, estava criado o Comitê de Crise bipartite, com a responsabilidade de acompanhar as orientações das autoridades de saúde com relação à pandemia, de acordo com a evolução da crise.
Enquanto a maioria aguardava, em duas semanas, 230 mil bancários já estavam em home office (mais de 50% da categoria) e as negociações, considerando a imposição de isolamento social, passaram a ser por via remota e os procedimentos decorrentes transformados em digitais.
O Dieese foi acionado, para acompanhar as condições de trabalho home office e relacionar quais seriam as principais angústias e reivindicações dos trabalhadores nesse período de pandemia e quarentena, para que fossem encaminhadas à mesa de negociações. Para isso, foi elaborado um amplo questionário on-line, que foi aplicado no início de julho.
Com base nos resultados, foi elaborada uma proposta de acordo sobre o teletrabalho.
Sem limites Como acontece em todos os anos, a campanha começou com a Consulta Nacional dos Bancários, para definição de prioridades. Em 9 dias, quase 30 mil bancários responderam à consulta on-line.
Enfim, após quinze longas rodadas de negociação, entre 31 de julho e 30 de agosto, todas por videoconferência e assembleias virtuais, mais uma vez avançamos.
Conquistas – A proposta final foi, mais uma vez, um avanço para a categoria, especialmente pela inclusão da cláusula 69, sobre a negociação coletiva em função da pandemia da Covid-19. Todas as demais cláusulas da CCT foram mantidas. Para o ano de 2021, foi aprovado reajuste pelo INPC/IBGE integral do período de 1º de setembro de 2020 a 31 de agosto de 2021 no salário e demais verbas salariais acrescido de 0,5% de ganho real, a serem pagos em setembro de 2021.
Todos os direitos previstos na CCT valem para os trabalhadores em home office e que esse regime de trabalho deve permanecer enquanto durar a pandemia. Acordos específicos sobre o tema foram negociados e fechados por banco.
Mobilização – A campanha dos bancários em 2020 foi marcada por uma série de situações inéditas. Uma das principais foi a participação da categoria nas conferências e nas assembleias de aprovação dos acordos. Ao todo, 130 mil bancários e bancárias participaram das assembleias finais, número muito superior aos registrados em presenciais.
Essa participação expressiva dos bancários em todas as etapas da campanha nacional assim como nas assembleias específicas realizadas desde o início da declaração de pandemia só confirma que somente com a unidade da categoria é possível manter direitos e conquistar sempre mais.